É com grande entusiasmo que abordamos um tema crucial para o planeamento sexual e saúde das mulheres portuguesas. De facto, a contraceção é um direito fundamental das mulheres, permitindo-lhes controlar a sua fertilidade e tomar decisões informadas sobre o seu futuro reprodutivo. E, neste contexto, o papel dos médicos de família é de extrema importância, pois são estes que muitas vezes têm o primeiro contacto com as jovens que procuram iniciar um método contracetivo.
Quando falamos em aconselhamento contracetivo existem alguns aspetos fundamentais a ter em consideração. Em primeiro lugar, queremos realçar que todas as mulheres devem sentir-se livres e optar pela sua contraceção. A escolha do melhor método deve ser uma decisão não apenas do médico, mas sim partilhada e resultado de uma comunicação aberta entre a mulher e o clínico.
Em segundo lugar, devemos alertar que a contraceção não é, nem deve ser, universal para todas as mulheres. Queremos com isto dizer que cada mulher tem as suas particularidades, as suas preferências, motivações pessoais ou que resultam de uma eventual relação com companheiro ou companheira. E, como tal, vai haver preferências, limitações e contraindicações específicas.
Em terceiro lugar, chamamos a atenção para o perigo que é o acesso facilitado a informação não filtrada, muitas vezes incorreta, que vem de uma amiga ou de uma publicação nas redes sociais, podendo levar a muita desinformação e receios por parte de algumas jovens mulheres que querem iniciar a contraceção.
Por fim, e para além de considerarmos a eficácia do método contracetivo, não queremos deixar de falar dos potenciais impactos da contraceção no ambiente. As preocupações ambientais têm vindo a ganhar destaque na sociedade atual – nomeadamente entre as jovens – e é fundamental que todos estejamos conscientes dos efeitos que os estrogénios presentes na contraceção oral combinada (pílula anticoncecional) podem ter no nosso ecossistema, nomeadamente na contaminação dos oceanos, algo que tem vindo a afetar a reprodução dos peixes.
É neste contexto que surge a contraceção verde, uma abordagem que visa minimizar o impacto ambiental dos métodos contracetivos, utilizando estrogénios naturais e mais amigos do ambiente, uma vez que são mais semelhantes às hormonas produzidas pelo corpo humano.
Os médicos de família desempenham, portanto, um papel crucial ao informar as mulheres sobre as opções disponíveis, mas também ao ajudar todas as que procuram uma solução que seja não só adequada às suas necessidades reprodutivas, mas também amiga do ambiente.
Em suma, o aconselhamento contracetivo é uma componente essencial da prática dos médicos de família. Ao considerarmos não apenas a eficácia dos métodos contracetivos, mas também o contexto da mulher e as suas preocupações, estamos a garantir que estas possam tomar decisões informadas e responsáveis sobre a sua saúde reprodutiva. Juntos, podemos trabalhar para um futuro mais saudável e também mais sustentável para todos.