Ao longo dos anos, temos assistido a uma verdadeira evolução na forma como encaramos temas outrora considerados tabu, como a contraceção. O que antes era silêncio e preconceito, hoje começa finalmente a ser discutido de forma aberta e informada. Pela Europa fora, multiplicam-se as iniciativas que promovem o planeamento familiar, garantem acesso a informação credível sobre métodos contracetivos para todos os cidadãos.
De acordo com o Contraception Policy Atlas Europe 20251, Portugal ocupa o 4º lugar no ranking europeu de acesso à contraceção, com uma impressionante classificação de 91,2%, antecedido pelo Reino Unido, Luxemburgo e França, que lidera com 93,2%. Estes números são um reflexo claro de que, embora ainda haja um caminho a percorrer, muitos países já reconhecem a importância de garantir acesso aos métodos contracetivos como parte fundamental das suas políticas governamentais. Atualmente, 22 (47%) dos países europeus oferecem comparticipação em métodos de contraceção, incluindo LARC’s (métodos contracetivos reversíveis de longa duração, como é o caso do Dispositivo Intrauterino (DIU), com ou sem hormona e Implante Contracetivo).
No que diz respeito ao aconselhamento, a grande maioria (98%) dos países europeus presta este serviço aos seus cidadãos. No entanto, quando falamos na informação disponibilizada online, apenas 23% dos países dispõem de plataformas digitais governamentais dedicadas à literacia na contraceção – valor que poderá ser preocupante tendo em conta a Era digital em que atualmente vivemos.
Por último, e igualmente importante, olhemos para o acesso gratuito a métodos de contraceção de emergência (CE), nas farmácias ou em centros de saúde, um benefício ainda limitado a 17% dos países europeus.
Esta mudança é um passo crucial no empoderamento, educação e igualdade das pessoas, permitindo-lhes tomar decisões informadas sobre o seu futuro sexual e reprodutivo, um direito que é de todos e deve estar acessível a todos. É um testemunho de que estamos, de facto, a reescrever a nossa história – uma história em que a liberdade de escolha é um direito e não um privilégio.
E o que tem a liberdade de escolha a ver com contraceção e ambiente? Tem tudo a ver. Porque deve, de facto, existir liberdade para, com o devido aconselhamento médico, escolher a contraceção que acreditamos ser mais adequada à nossa vida e condição de saúde, mas simultaneamente decidir com consciência de que cada atitude que tomamos tem decerto algum tipo de impacto no meio ambiente. E, hoje, podemos escolher a Contraceção Verde não só porque apresenta benefícios em alguns aspetos da saúde feminina, mas também devido ao seu menor impacto no ambiente. Escolher e proteger? Tem tudo a ver!
- Contraception Policy Atlas Europe 2025, disponível em https://www.epfweb.org/sites/default/files/2025-02/CCInfoEU_A3_EN_2025_FEB14%20BIS_0.pdf
Acedido em 2025.04.30