Foram várias as inovações que ao longo do tempo revolucionaram o controle da saúde reprodutiva das mulheres, mas que também trouxeram consigo preocupações ambientais e de saúde. Mais recentemente, a contraceção verde, com foco na sustentabilidade e no uso de estrogénio natural, promete não apenas oferecer opções mais seguras para as mulheres, mas também contribuir para a preservação do meio ambiente.
A história da contraceção é uma narrativa fascinante que remonta a tempos ancestrais, onde soluções improvisadas, e muitas vezes rudimentares, eram utilizadas para evitar a gravidez. Civilizações antigas como os egípcios e gregos deixaram-nos vestígios dessas práticas, desde o uso de pessários (dispositivos colocados na vagina para aliviar sintomas associados ao prolapso dos órgãos pélvicos) e esponjas vaginais, até à utilização de plantas com propriedades contracetivas.
Já a descrição do preservativo remonta a 3000 antes de Cristo.
No entanto, foi apenas no século XX que a contraceção deu um salto significativo com a introdução da primeira pílula hormonal, o Enovid, em 1960 nos Estados Unidos, em 1961 na Europa e em 1964 em Portugal. Este marco revolucionário proporcionou às mulheres um maior controlo sobre a sua saúde reprodutiva, permitindo-lhes tomar decisões fundamentais sobre a sua vida familiar e profissional.
Preocupações “hormonais”
A introdução das hormonas sintéticas, especialmente as derivadas do estrogénio e da progesterona, revolucionou a contraceção moderna. Contracetivos hormonais, como pílulas anticoncecionais, adesivos e injeções, tornaram-se mainstream.
No entanto, logo surgiram preocupações sobre o impacto ambiental e os possíveis riscos na saúde associados às hormonas sintéticas.
Com efeito, à medida que a popularidade das pílulas anticoncecionais crescia, tornou-se evidente que doses elevadas de estrogénios e progestativos sintéticos – especialmente o componente estrogénico – estavam associadas a efeitos indesejáveis.
Assim, as décadas seguintes testemunharam esforços dedicados ao desenvolvimento de formulações contracetivas mais seguras e eficazes, com doses reduzidas e menor incidência de efeitos secundários.
Por outro lado, foi também amplamente demonstrado que as hormonas sintéticas – especialmente o estrogénio – quando excretadas no meio ambiente através da urina ou descartadas inadequadamente, contribuem para a poluição da água e alterações nos ecossistemas, especialmente nos ecossistemas aquáticos, afetando, por exemplo, a fertilidade dos peixes.
O surgimento da Contraceção Verde
Em resposta a esses desafios, surgiu recentemente um novo paradigma:
A Contraceção Verde. Na vanguarda desse movimento está a utilização de estrogénios naturais, que são similares aos estrogénios naturalmente
presentes no corpo humano.
Em suma, a evolução da contraceção ao longo dos últimos séculos representa uma história de progresso e inovação, moldando não apenas as opções disponíveis para as mulheres, mas também influenciando positivamente as suas vidas e a saúde das comunidades em todo o mundo.